Tuesday, February 22, 2011
LXXIV - Un Printemps Arabe, de Jacques Benoist-Méchin, por André Bandeira
Este livro era o de uma Primavera entre os Povos árabes, há 50 anos. O autor fora da «Sinarquia», um termo associado a tecnocracia que contou, em plena Segunda Guerra mundial, com apoiantes em Moscovo, em Washington e na Paris ou na Vichy colaboracionistas.Como os arquivos só foram liberados em 2005, é ainda difícil dizer se os sinarcas constituíam ou não uma veleidade de conspiração mundial. O certo é que Benoist-Méchin conduziu um périplo pelos países árabes, num momento de renascimento nacionalista, quando a França, devido à Guerra da Argélia, cortara relações com eles. Benoist-Méchin fora condenado à morte por colaboracionismo e agraciado pelo Presidente Vicent Auriol, a par de outros como Lucien Rebatet. O que Benoist-Méchin nos diz, do lugar de quem ouviu a Morte bem a bater-lhe à porta, é que as multidões, entusiásticas ou em fúria, já naquela altura alastravam rapidamente da Síria a Marrocos. Havia o Sol, o Deserto, o Petróleo, os Santuários, a água, a Multidão e a juventude. O que o separa do cenário de hoje, é que os líderes nacionalistas, erguidos ao poder, ora apoiando-se num lado ocidental, ou na URSS, ou na China, eram um facto novo, indiscutido. Eles mandavam chover porque se firmavam como exemplos da autonomia e do orgulho de povos até então divididos por fronteiras desenhadas na areia e vítimas do colonialismo, bem como da Guerra. Mas tudo era volátil nas multidões. Embora o autor, até pela linhagem, fosse um bonapartista, o que a democratização dos países árabes, então a dar os primeiros passos,lhe parecia, era sobretudo volátil e emocional. Afinal Dominique Moïsi, com o seu conceito de «Geopolítica das Emoções», tem toda a razão. Uma integração maior da parte Sul do Mediterrâneo, no Hemisfério Norte, fará da política algo muito mais emocional e volátil. Consta que a Goldmann Sachs fez, há três anos, uma simulação de que como seria o Mundo com o barril de petróleo, a 130 USD. As conclusões foram sigilo, mas algo como «revoltas generalizadas» transpirou. Ora uma visão do mundo ao longo dos paralelos, esquece que a Arábia é muito África, onde Guerras Civis perduram por meio de armistícios e o Sahara nunca foi uma fronteira. Além de que discutir as fronteiras internas de África, as quais foram desenhadas pelos poderes coloniais, é precipitar um dominó tribal. Este enorme espaço árabe, Benoist-Mechin só o via limitado por três pólos: a Turquia, o Irão e a Arábia Saudita. Direi: um pólo europeu, um asiático e outro...místico (?). Acrescento que a teoria do inevitável espargir da democracia, nas suas fases iniciais, representa Guerra. E fazê-lo, só para dotar um Mundo quântico e stressado, com uma doutrina plausível ignora o facto de que a Democracia não é o Fim da História. No caso do Ocidente, foi apenas um dos princípios.
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