Monday, March 30, 2009

XII -(Re)leituras: Lutero e os Concílios, por André Bandeira

Pus-me a ler dois livros ao mesmo tempo, para reparar em algo de que desconfiava: como os livros se repetem. Dois bons livros. Um, «Luther and Reformation» do Historiador de Oxford, V.H.H. Green, e outro, «Les Conciles Oecuméniques dans l'Histoire», de J-M.A. Salles-Dabadie, um Historiador católico da Suíça. Conclusão, (e podia já acabar aqui, pois eu leio para aprender): Lutero não quis um Concílio, antes quis que o Concílio o quisesse a ele. No que o levou à revolta, estava cheio de Razão. Já no que o fez perseverar, não sei. Era um Homem conservador, não era santo, detestava a violência e era corajoso. Os outros que o seguiram, eram ainda menos santos que ele, embora fossem muito religiosos. Mas com excepções, pois nem todos o seguiam de um modo seguidista, como Melanchton, Wycliff, Buce.E o patrão das costas deles, Filipe de Hesse, o príncepe, esse queria aquilo que o Islão tentou resolver com o casamento poligâmico: queria ter duas mulheres, uma para criar os filhos e outra para outros fins. Pois parece que o problema da Reforma protestante teve muito de sexual. Ao cabo de tanto falarem no tema, os monges não pensavam noutra coisa como se houvesse já naquele tempo um televisão mental, acesa 24 horas por dia dentro da cabeça deles (e nisso tiveram alguma culpa Humanistas como Erasmo). Não quero moralizar mas um certo gosto alemão pela comida e pela bebida fizeram de Lutero alguém muito torturado, a quem a disciplina de frade impediu, apesar de tudo, que se desse aos excessos dos outros, fossem eles picados pelo demónio do orgulho ou pelo dos Sentidos. Quanto aos Concílios, percebe-se perfeitamente que eles tiveram muitos Luteros, ao longo dos tempos, chamassem-se eles Ário, Nestório, Cirilo de Alexandria,Prisciliano, os Iconoclastas ou, mais tarde, João Huss. Quem não se salva dentro da Igreja, essa casquinha de noz num Tempestade Universal, salva-se como pode mas não é por estar fora que as diversas maneiras de se salvar, compõem uma maioria, a qual, pelo simples facto de o ser, não equivaleria à Verdade. No fundo, a Igreja Católica, ao contrário da Ortodoxa e da Igreja Luterana, conseguiu manter uma muito maior independência política e uma muito menor venalidade temporal e, isto, ao cabo de esforços e martírios sem fim que compõem um milagre contínuo. A Igreja Católica não é melhor que as outras, nem vende bulas para o céu, e faz decerto muita asneira. Mas tem Alguém que vela por ela. As outras pretendem velar por elas próprias. Sim, temos Papas e à vezes arrependemo-nos de os ter. Mas um Papa não passa duma trémula flor rebentando dum tronco rude e improvável. Quando o ouvirmos, pensemos mais na Primavera que numa loja de flores. E, com isto tudo digo, por fim, que o Islão trazia frades a cavalo, de espada na mão. O Islão tem muito menos de oriental do que tem de cristianismo arcaico. Não nos admiremos, por isso, da sua enorme tenacidade, pois se trata muito mais de um mal-entendido monstro do nosso Passado do que uma fórmula nova e estranha de acreditar.

XII -(Re)leituras: Lutero e os Concílios, por André Bandeira

Pus-me a ler dois livros ao mesmo tempo, para reparar em algo de que desconfiava: como os livros se repetem. Dois bons livros. Um, «Luther and Reformation» do Historiador de Oxford, V.H.H. Green, e outro, «Les Conciles Oecuméniques dans l'Histoire», de J-M.A. Salles-Dabadie, um Historiador católico da Suíça. Conclusão, (e podia já acabar aqui, pois eu leio para aprender): Lutero não quis um Concílio, antes quis que o Concílio o quisesse a ele. No que o levou à revolta, estava cheio de Razão. Já no que o fez perseverar, não sei. Era um Homem conservador, não era santo, detestava a violência e era corajoso. Os outros que o seguiram, eram ainda menos santos que ele, embora fossem muito religiosos. Mas com excepções, pois nem todos o seguiam de um modo seguidista, como Melanchton, Wycliff, Buce.E o patrão das costas deles, Filipe de Hesse, o príncepe, esse queria aquilo que o Islão tentou resolver com o casamento poligâmico: queria ter duas mulheres, uma para criar os filhos e outra para outros fins. Pois parece que o problema da Reforma protestante teve muito de sexual. Ao cabo de tanto falarem no tema, os monges não pensavam noutra coisa como se houvesse já naquele tempo um televisão mental, acesa 24 horas por dia dentro da cabeça deles (e nisso tiveram alguma culpa Humanistas como Erasmo). Não quero moralizar mas um certo gosto alemão pela comida e pela bebida fizeram de Lutero alguém muito torturado, a quem a disciplina de frade impediu, apesar de tudo, que se desse aos excessos dos outros, fossem eles picados pelo demónio do orgulho ou pelo dos Sentidos. Quanto aos Concílios, percebe-se perfeitamente que eles tiveram muitos Luteros, ao longo dos tempos, chamassem-se eles Ário, Nestório, Cirilo de Alexandria,Prisciliano, os Iconoclastas ou, mais tarde, João Huss. Quem não se salva dentro da Igreja, essa casquinha de noz num Tempestade Universal, salva-se como pode mas não é por estar fora que as diversas maneiras de se salvar, compõem uma maioria, a qual, pelo simples facto de o ser, não equivaleria à Verdade. No fundo, a Igreja Católica, ao contrário da Ortodoxa e da Igreja Luterana, conseguiu manter uma muito maior independência política e uma muito menor venalidade temporal e, isto, ao cabo de esforços e martírios sem fim que compõem um milagre contínuo. A Igreja Católica não é melhor que as outras, nem vende bulas para o céu, e faz decerto muita asneira. Mas tem Alguém que vela por ela. As outras pretendem velar por elas próprias. Sim, temos Papas e à vezes arrependemo-nos de os ter. Mas um Papa não passa duma trémula flor rebentando dum tronco rude e improvável. Quando o ouvirmos, pensemos mais na Primavera que numa loja de flores. E, com isto tudo digo, por fim, que o Islão trazia frades a cavalo, de espada na mão. O Islão tem muito menos de oriental do que tem de cristianismo arcaico. Não nos admiremos, por isso, da sua enorme tenacidade, pois se trata muito mais de um mal-entendido monstro do nosso Passado do que uma fórmula nova e estranha de acreditar.

Thursday, March 26, 2009

Access to Rare Films


In this post from the indispensable Bioscope, there is news of access to rare films by an exciting new method from Warner Bros.

You pay $19.95 for a DVD-R (or $14.95 for download), but you get your own copy of rare films that may not see a commercial release. Pretty sweet stuff.
www.warnerarchive.com

The silents feature scores! That's because they have all shown on TCM, which means you could have saved a lot of money if you had been obsessively recording rare films from TCM over all these years!

I've recommended the Bioscope before for silent film enthusiasts, so make sure you add it to your links or Bloglines or Google Reader.

Friday, March 13, 2009

Screening Alert - The Salvation Hunters

Big-time screening alert! Josef von Sternberg's The Salvation Hunters (1925) will be screening at UCLA this Saturday March 14 as part of their 14th Festival of Preservation.

Info here.

From their site:


Saturday March 14 2009, 7:30PM

Preservation funded by The Stanford Theatre Foundation
THE SALVATION HUNTERS
(1925) Directed by Josef von Sternberg
Josef von Sternberg's first film--shot for less than $4,800 on location in San Pedro, Chinatown and the San Fernando Valley--was possibly Hollywood's first "independent" production. The gritty realism of its locations, the lack of artifice in its story and the lower depths of its characters shocked audiences and the industry alike. The film remains thoroughly modern. Sternberg's images thrive on composition and stasis. His ending resolves nothing and yet everything is different. The Salvation Hunters made a star not only of Sternberg, but also of Georgia Hale, who would play opposite Chaplin in The Gold Rush (1925).

Academy Photoplays. Producer: Josef von Sternberg. Screenwriter: Josef von Sternberg. Cinematographer: Edward Gheller. Editor: Josef von Sternberg. Cast: George K. Arthur, Georgia Hale, Bruce Guerin, Otto Matiesen, Nellie Bly Baker. 35mm, 72 min.

Preceded by...
OIL: A SYMPHONY IN MOTION
(1933) Directed by M.G. MacPherson

Preservation funded by The Stanford Theatre Foundation

Oil was produced by a Los Angeles collective of amateur filmmakers, called "Artkino," who here attempted a lyric documentary from the point of view of the oil itself.

Cinematographer: Jean Michelson. 35mm, 8 min.
Live musical accompaniment will be provided.

TV

Live TV by Ustream

TV

Live TV by Ustream

Thursday, March 12, 2009

A Time for Killing (1967, Phil Karlson)

For a limited time, Phil Karlson's 1967 film A Time for Killing will remain available for viewing via Netflix's Instant Watch feature. While it may have been available on VHS or TV airings, to me this is a rarity that has not appeared on DVD, to my knowledge. Phil Karlson has always proved an interesting director, especially in his film noirs: Kansas City Confidential (1952), 99 River Street (1953), Tight Spot (1955), The Phenix City Story (1955), 5 Against the House (1955) and The Brothers Rico (1957). (Some of those are less noirish than others.)

His IMDB entry seems to indicate some tumult at this point in his career (bouncing around to TV, getting involved in the Dean Martin "Matt Helm" light entertainments), so I am not sure this 1967 film will have something special in it, but when a director proves so thoroughly interesting over so many movies, I hope he will deliver, even in what looks like a very mainstream studio release.

Karlson's films often featured real locations to great effect (Reno in 5 Against the House and I believe Alabama locations in The Phenix City Story) and frequently presented very gritty plots, especially 99 River Street, which made a strong impression on me.

Join me in checking out a rarity from this director, and let's write some reviews of what we find in this film and make some general comments on his overall value as a director. Is he merely a stooge doing the studio's bidding in this major release? Or is there a special artistic value, some insight into human nature or politics or history...? We'll see!

I've invited Dennis Cozzalio of Sergio Leone and the Infield Fly Rule to join me in this endeavor, and feel free to jump in. But the clock is ticking. This not-on-DVD film is only available for Instant Watch on Netflix until April 1, 2009. Don't miss this chance!! (No excuses if it's panned-and-scanned. Suck it up!)


Sunday, March 8, 2009

Rescaldo de Espinho!

É gravíssimo! Em vez de se bater em Bruxelas pelo Tratado de Lisboa, que até tem a sua marca, e é uma forma de contrariar o directório das potências europeias, José Sócrates foi discursar à americana ao Congresso do PS em Espinho a 1 de Março; e faltou pela segunda vez a uma Cimeira Europeia . É assim que defende o Tratado de Lisboa?
É um filme político comum na nossa história. Por exemplo: Portugal venceu a Guerra Peninsular nos campos de batalha mas quando lhe pediram 15.000 homens para a campanha da Bélgica e de Waterloo, recusou-se e foi castigado no Congresso de Viena de 1815 pelas grandes potências.
Hoje os G20, onde Portugal não consta mas a Espanha sim, estão a impôr a hierarquia das potências. O que se esperava de Portugal é que se salientasse que a Europa se deveria apresentar a uma voz. Para isso tem softpower que chegue. Louçã cedeu ao caudilhismo ao dizer que «A política europeia é um vazio». Manuela Ferreira Leite deveria ter dito que "defender o interesse nacional" seria defender o Tratado de Lisboa. Perdemos oportunidade de marcar nas declarações e dar um empurrão à entalada presidencia checa. É muito mau! Erro gravíssimo, Da próxima, dirão que já nem precisam de nós lá.

Rescaldo de Espinho!

É gravíssimo! Em vez de se bater em Bruxelas pelo Tratado de Lisboa, que até tem a sua marca, e é uma forma de contrariar o directório das potências europeias, José Sócrates foi discursar à americana ao Congresso do PS em Espinho a 1 de Março; e faltou pela segunda vez a uma Cimeira Europeia . É assim que defende o Tratado de Lisboa?
É um filme político comum na nossa história. Por exemplo: Portugal venceu a Guerra Peninsular nos campos de batalha mas quando lhe pediram 15.000 homens para a campanha da Bélgica e de Waterloo, recusou-se e foi castigado no Congresso de Viena de 1815 pelas grandes potências.
Hoje os G20, onde Portugal não consta mas a Espanha sim, estão a impôr a hierarquia das potências. O que se esperava de Portugal é que se salientasse que a Europa se deveria apresentar a uma voz. Para isso tem softpower que chegue. Louçã cedeu ao caudilhismo ao dizer que «A política europeia é um vazio». Manuela Ferreira Leite deveria ter dito que "defender o interesse nacional" seria defender o Tratado de Lisboa. Perdemos oportunidade de marcar nas declarações e dar um empurrão à entalada presidencia checa. É muito mau! Erro gravíssimo, Da próxima, dirão que já nem precisam de nós lá.

Monday, March 2, 2009

MENOS UM

TERRORISTA


Os "governantes" portugueses choram, baba e ranho, pela morte do electricista assassino.
 
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